Os brechós da cena underground paulistana que fizeram escola


Alguns dos brechós de São Paulo são verdadeiros precursores de revoluções, que além de reinserir na vida das pessoas peças que haviam chegado ao fim de sua vida útil, indo contra a produção massificada e de baixa qualidade e a favor da valorização da pessoalidade e do meio ambiente, fazem algo mais. Por isso selecionamos três brechós da cena underground paulistana que "fizeram escola" e se tornaram referência: 

O Loki Bicho, criado pela Hayge Mercúrio é um espaço coletivo que além do brechó reúne todo o tipo de arte e artistas. Do Loki surgiu o Mercado das Pulgas, evento de comércio espontâneo que acontece no Vale do Anhangabaú, onde brechós, artistas e comerciantes no geral expõe seus produtos, dialogam e interagem entre si e com aqueles que transitam pelo vale. Trata-se de um evento cultural e também um ato político, uma vez que o espaço público é ocupado pelos cidadãos que dão cada qual o melhor de si para o enriquecimento da relação pessoas+pessoas e pessoas+cidade.



O Brechó Replay do Eduardo Costa, surgiu da ideia de vender roupas pelo instagram, mas graças aos seus editoriais incríveis se transformou em um negócio focado em produção de moda. Os editoriais do Replay são provocativos em termos estéticos e conceituais, afrontando padrões e discutindo temas contemporâneos de extrema importância, valorizam a diversidade e a cultura urbana. E já faziam isso antes que as grandes marcas percebessem que esse tipo de publicidade era cool. (A imagem que estampa este artigo é uma produção Replay).


Caixa Vintage - Invasor do sistema

O Caixa Vintage, criado por Yasmin Có em 2013 quebrou a cadeia de preços abusivos que imperava entre os vintage shops moderninhos da cidade - e usou a internet pra isso - pegando pesado em divulgação e invadindo o espaço do tradicional clubinho que tinha acesso à mídia, além de vender também on-line, coisa que os antigos brechós não faziam. Antes dele existir, brechó com curadoria especializada era lugar pra gente abastada, o Caixa Vintage foi o primeiro a vender peças vintage selecionadas a preços realmente acessíveis - começou vendendo peças de R$5 a R$40 - democratizando o acesso ao segmento e difundindo ideais de consumo consciente. O acervo que fica em um dos prédios históricos do centro e é popular entre frequentadores das festas ocupação que rolam por ali, atualmente fica fechado ao público, mas a loja on-line atende a clientes de todo o Brasil.
 

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Já se imaginou vestindo uma roupa feita de flor de lótus?


Recentemente foi divulgado pela empresa Samatoa um novo tecido eco-friendly, a seda de flor de lótus, a fibra é extraída do caule da planta e fiada manualmente por artesãs Cambojanas. O tecido naturalmente macio, brilhoso e respirável que é provavelmente um dos tecidos mais ecológicos do mundo, pode até ser "vendido" como novidade para clientes do ocidente, mas a verdade é que sua origem e incontestável riqueza está na tradição ancestral oriental.


No budismo a flor de lótus simboliza a pureza do corpo e da mente, em ocasiões especiais os monges de Mianmar vestem roupas feitas com o tecido de lótus, que são confeccionadas em pouca quantidade, preservando o caráter de preciosidade da planta sagrada. Tecelãs locais também utilizam o fio delicado e sensível da flor que cresce no lago Inle para produzir de forma tradicional as peças que garantem seu sustento. 


O processo é totalmente manual, as plantas são colhidas, lavadas e abertas delicadamente com uma lâmina, dentro do caule da planta há uma espécie de baba de quiabo - mais resistente - que é o filamento, esse filamento é esticado e unido a outros para serem torcidos juntos. Devido a flór de lótus ser uma planta aquática o resultado final do tecido é melhor quando os filamentos são mantidos úmidos e frios durante a fiação e a tecelagem.


Assim, é gerado um tecido vegetal, sem adição de qualquer produto químico, com qualidades semelhantes às da seda de origem animal, que seca rápido e é resistente a manchas, já que a flor de lótus tem como propriedade a auto-limpeza, ou seja, a pureza da flor não é apenas simbólica. 



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7 marcas que provam que Berlim é a capital do upcycling


Upcycling é o processo de dar nova e melhor utilidade a materiais que estão no fim de sua vida útil sem que eles precisem passar pelo processo de reciclagem. O termo foi usado pela primeira vez pelo ambientalista alemão Reine Pilz em 1994, quando propôs dar mais valor a produtos antigos ao invés de reciclá-los, e ressurgiu no livro “Cradle-to-Cradle” em 2002, quando os autores sugeriram evitar o desperdício de materiais ainda úteis criando novos objetos a partir deles.

Na moda, o upcycling tem se mostrado a forma mais inteligente de criação de produtos, uma vez que tecidos sustentáveis ainda são escassos e não há nada mais ecológico do que utilizar materiais que já existem e seriam descartados, mantendo sua forma original, para criar novas peças com maior valor em termos de estética e qualidade.

Podemos dizer que o upcycling é a forma que os designers têm de agir em prol de uma moda mais sustentável sem que dependam diretamente do que a indústria de tecidos consegue ou não produzir no momento. 

Em Berlim, existem incontáveis iniciativas focadas em upcycling, não apenas relacionadas a moda ou a venda de produtos no geral, os designers da cidade alemã parecem bastante motivados a difundir a prática do faça você mesmo, aplicando cursos, palestras e etc, o que faz da Alemanha o berço da prática e não só da palavra. Conheça 7 marcas que provam isso:


Daniel Kroh, criador da ReClothings utiliza roupas de trabalho para criar suas peças, ele mantém vestígios do uso das roupas originais, como queimaduras de solda, rasgos ou manchas de pintura, os incorporando na composição das suas criações. O resultado são peças inovadoras que ao mesmo tempo valorizam a história de sua vida anterior.





A Schmidttakahashi que existe desde 2010, produz peças únicas a partir do reuso de roupas doadas, e quando os clientes não querem mais usar seus produtos eles os devolvem para que virem matéria prima novamente, fechando o círculo de produção. A marca acredita que roupas não são objetos anônimos, cada peça é única e contém diferentes histórias e características dadas pelo seu proprietário, por isso, todas as peças são arquivadas em um banco de dados on-line para que os clientes possam retraçar a história de cada peça por meio de um QR-Code. Assim, os antigos proprietários das roupas “processadas” podem acompanhar e contar histórias sobre elas, e os novos proprietários podem descobrir a essência das peças, comentar e continuar a história.





As irmãs Sarah e Sabrina são as criadoras da marca Kasimir, que segundo elas, faz um trabalho de eco-reciclagem, já falamos da marca aqui. As peças da Kasimir são feitas de cortinas, colchas e toalhas de mesa vintage, os tecidos extremamente ricos em padronagem e super resistentes são convertidos em jaquetas duradouras e estilosas. Além dos tecidos vintage as irmãs utilizam tecidos sustentáveis certificados para complementar, quando necessário a estrutura das peças.





A Sag+Sal, batizada com as três primeiras letras dos nomes das mães de seus criadores Andjelko Artic e Rupert Jensché, é uma marca de bolsas que tem como matéria prima mantas de impressoras offset, um material robusto e impermeável que seria descartado após sua vida útil na indústria. As bolsas são feitas com técnicas de dobradura e suas partes são unidas por pinos de metal, para evitar as costuras que não seriam bem-vindas devido a rigidez do material, as alças são feitas de cintos largos e flexíveis. As cores e tipografias pré existentes no material dão caráter único a cada peça.





Ramona Huppert, fundada em 2015, produz vestuário e acessórios em pequena quantidade, a marca utiliza como matéria prima produtos de couro, como jaquetas, calças, fivelas e estofados usados, além de tecidos de fibras naturais certificados. Cada peça upcycling é produzida individual e exclusivamente de acordo com as especificações do cliente.





A Benu Berlin cria roupas super elaboradas utilizando diversos tipos de materiais. Sua coleção “I Want To Die With My Blue Jeans On” (Eu quero morrer com minha calça jeans) feita de calças jeans descartadas foi premiada no Eco-Chic 2013 em Hong Kong. Outra coleção da marca que é bastante comentada é a “Make Love Not Fashion" (Faça amor não moda), criada do reuso de uniformes militares, pára quedas e couro.





Utilizando como matéria prima peças esportivas vintage a Pletzinger recria novas roupas, às vezes esportivas, outras não, mas sempre mantendo o caráter de conforto. O design das criações, segundo Wilfried Pletzinger, é pensado para recusar a estrutura das peças originais, excluindo qualquer vínculo nostálgico de sua estética. Para isso ele desconstrói e reestrutura as formas - e histórias - anteriores trazendo outra vida ao que era vintage e convidando o proprietário a criar um novo capítulo na história de sua roupa.




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Irmãs criam jaquetas estilosas feitas de cortinas vintage


Sustentabilidade na moda tem sido um tema bastante discutido nos últimos anos, e os designers de moda que se comprometem com a causa tem se esforçado cada vez mais para criar de forma mais inteligente, falamos sobre alguns deles no artigo "7 marcas que provam que Berlim é a capital do upcycling". E muitas vezes essa forma mais inteligente de criação está na simplicidade.


É isso o que nos mostram as irmãs Sarah e Sabrina, criadoras da marca de eco-reciclagem Kasimir, de Berlim, que por meio do upcycling, processo de dar nova e melhor utilidade a materiais que estão no fim de sua vida útil sem que eles precisem passar pelo processo de reciclagem, cria roupas coloridas e agradáveis ​​para o corpo e a alma.

As peças da Kasimir são feitas a partir do reuso de cortinas, colchas e toalhas de mesa vintage, os tecidos extremamente ricos em padronagem e super resistentes são convertidos em roupas duradouras, exclusivas e belíssimas. Além dos tecidos vintage as irmãs utilizam materiais sustentáveis certificados para complementar a estrutura das peças.





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5 maquiagens incomuns para usar no carnaval


Sabemos que a maquiagem anda lado a lado com a moda na tarefa de compor a imagem do ser, e a maquiagem artística dá um passo além, trazendo os sonhos para a realidade e colocando-os bem na nossa cara, literalmente.

E por falar em sonhos, o carnaval se aproxima e é hora de fantasiar, por isso selecionamos 5 maquiagens profissionais cheias de cor e brilho - que fogem do comum - pra você se inspirar:

Criatura marinha

Maquiagem da brasileira Amanda Abdo, é possível conhecer mais do trabalho dela em sua página no facebook.


Tinta escorrendo

Também da Amanda Abdo.




Choque neon

Maquiagem da Kimberley Margarita, no perfil dela no instagram tem diversas outras maquiagens lúdicas maravilhosas.
  


Arco íris

Maquiagem da "Made Yew Look", ela tem um canal no youtube com tutoriais das suas maquiagens.



Psicodélica


Maquiagem de Stephanie Fernandez, o instagram dela é repleto de maquiagens psicodélicas incríveis.


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Conheça o mundo de Anália: Feminino do barro às tintas

Fotografia: Naira Mattia

A vida da Anália Moraes, artista plástica e ilustradora, se misturou a arte desde muito cedo, graças a mãe que nunca deixou faltar lápis de cor e papel em casa e a madrinha multi-artista que sempre a incentivou a pintar, mexer com argila e fazer pequenas esculturas.

A dedicação da mãe e da madrinha deu resultado, a pequena Anália cresceu e hoje estuda artes plásticas, participa de feiras de artistas independentes, já expôs em espaços como MIS-SP e Espaço Cult, e é co-fundadora e artista residente da Casa Dobra. 


É lá na Casa Dobra, em São Paulo, que a Anália vive e produz suas artes que retratam o feminino e permeiam por entre diversas plataformas plásticas. Ela se inspira em outras mulheres e em SER mulher, seu trabalho cultua tanto o exterior feminino com a representação do corpo e suas formas, quanto seu interior com a representação de diferentes personalidades, exaltando assim a completude da mulher como indivíduo.



“O que mais me inspira é essa perspectiva feminina, cheia de identidades, rostos, personalidades e mentes diferentes mas igualmente poderosas (...) Toda exploração artística é uma exploração para dentro de mim mesma também. Minhas pinturas e ilustrações são produtos diretos do lugar que eu habito, o meu corpo, e do meu lugar como mulher e artista”. (Anália sobre perspectiva feminina)
  


As obras que vão de ilustrações a esculturas de cerâmica pintadas a mão, revelam corpos, gestos e personalidades, que falam do cotidiano e das muitas possibilidades do que é ser uma mulher. Quando a Anália, e outras artistas se dedicam a se auto-representar e a representar outras figuras femininas, elas contribuem para que a imagem das mulheres possa ser de fato impressa não só nas artes, mas também no imaginário coletivo, por meio da nossa própria perspectiva. 





Para adquirir uma das peças da Anália é só entrar em contato no e-mail da Casa Dobra (correio@casadobra.com).

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