Filme Demônio de neon: Estética genuína do início ao fim

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Demônio de Neon, filme lançado em 2016, é o trabalho mais recente do cineasta dinamarquês Nicolas Winding Refn, que foi bastante criticado pela natureza estética de sua obra, que contém cenas de necrofilia e canibalismo. Trata-se de um filme sobre beleza e moda tão incompreendido quanto elas.

Neste artigo vamos compartilhar alguns pontos de vista sobre ele, através das lentes da moda.

Moda e Beleza

Demônio de neon é composto por uma aura de mistério, sensibilidade, superficialidade e imaterialidade. Os personagens se encantam ao se deparar com a beleza em sua forma mais pura, e entrando em um estado de torpor, parecem desejar mergulhar em sua superfície e tornarem-se profundos como ela. 


No filme todos espreitam a beleza, aguardando a oportunidade de possuí-la, assim como desejamos com sofreguidão uma roupa na vitrine por dias a fio até que possamos tê-la. Isso é natural, todas as pessoas querem tomar um pouco de beleza para si, querem ser verdadeiramente belas e admiráveis. É por causa dessa busca que a moda existe, e é por isso que reinventamos nossa imagem a cada dia, buscando parecer melhores para de fato nos tornar melhores. 

A simbologia do ser intangível presente em Demônio de Neon retrata a verdadeira essência da moda, e seu papel de transformar a imaterialidade da beleza e dos sonhos em algo palpável, nada de reproduções em massa, só a beleza original, que gera admiração e desejo de ser.


“A beleza não é tudo, é a única coisa” 


Moda, Beleza e Necrofilia

A cena de necrofilia no filme representa a tentativa da personagem de saciar a ânsia pela beleza, no entanto, ela “consome” beleza sem alma, vazia, como quem consome moda sem sentido, uma roupa que não diz nada. Ela desejava a beleza autêntica, mas o que tinha diante de si era um corpo vazio, e ela o consumiu, assim como nós consumimos produtos vazios e insaciáveis o tempo todo.


“Nada de mentira, nada falso, um diamante num mar de vidro” 


Beleza e Canibalismo

Os seres humanos são imitadores natos, aprendemos com o outro, assim podemos dizer que nos "alimentamos" do outro, no sentido de tomar para nós o que do outro nos convém e assim formar o nosso próprio ser. No filme, as personagens perseguem a beleza e se alimentam dela, para se converter em beleza. O banho faz clara referência a Elizabeth Báthory, a condessa de sangue, que ficou conhecida por supostamente se banhar com sangue de jovens para se manter bela.

Quando finalmente conseguem consumir a beleza real, se alimentar dela, cada personagem reage de uma forma, enquanto uma torna-se plena e considera o corpo do qual se alimentou como parte de si, a outra o recusa, como se a beleza fosse para ela um fardo.


“Eles querem ser como eu” 


Lua e Sangue

A cena cultua o sagrado feminino, a lua e o sangue, o ciclo da mulher, a criação da vida, o autor coloca a beleza como uma característica intrinsecamente feminina.


“A verdadeira beleza é o bem mais valioso que temos” 


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