segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Porquê as roupas dos seus avós tem tudo a ver com o futuro


O mercado vintage foi por muito tempo associado a venda de artigos icônicos de décadas passadas, brechós eram vistos como bons lugares para encontrar uma fantasia, alugar um figurino ou simplesmente deixar fluir a nostalgia. Entretanto, apesar de existirem acervos especializados em atender tais demandas, que aliás são extremamente importantes para a preservação da história da moda, esse não é o único e real papel da moda vintage na sociedade atual, o comércio vintage não é difusor do passado, mas sim precursor do futuro.

Dizer que o vintage atualmente está relacionado ao futuro pode soar contraditório, mas não é, acontece que a nostalgia não é mais o pivô do mercado vintage, o vintage na moda deixou de ser memorial e nostálgico para estar diretamente relacionado ao futuro, a economia colaborativa e a sustentabilidade, sendo um importante pilar do novo pensamento de moda e de atitude de consumo que vem sendo construído em prol do meio ambiente e do bem estar das pessoas que fazem parte da cadeia produtiva têxtil. 

Mas qual é o problema com a nostalgia? 
Tudo bem sentir-se nostálgico de vez em quando, mas esse sentimento não é exatamente impulsionador, não podemos progredir nos prendendo ao passado, e contrariando o senso comum, as pessoas que efetivamente consomem moda vintage não são precisamente amantes do passado, são na verdade o extremo oposto, elas olham para o futuro e geram a mudança pouco a pouco, afinal, em tempos de “fast fashion”, que corresponde ao “fast food” na moda, utilizar roupas que já existem é a atitude mais revolucionária possível. 

Além do uso de roupas vintage ser uma atitude sustentável por si só, é baseado na experimentação, o que exige criatividade, característica existente em pessoas inovadoras capazes de buscar outras formas de uso, brincar com a estética, fazer ajustes a sua personalidade e criar assim composições visuais que falam com o que a moda é em sua essência: a recusa do passado. Porém há aí um fator ainda mais importante, essa recusa do passado não é apenas uma recusa estética, trata-se da negação da produção em massa de produtos de baixa qualidade e de uma cultura de consumo que desvaloriza tanto a multiplicidade quanto a pessoalidade. 


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